O lixão gerido pela empresa Solvi Essencis, localizado na região da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), protagonizou diversos eventos na cidade de Curitiba. Desde que a empresa forçou a saída da comunidade Tiradentes 2, que resistiu de forma heroica, conseguindo segurar as moradias das famílias em uma guerra contra uma gigante multinacional francesa. No momento atual, foi informado pelo poder público que a data de encerramento do lixão é dia 9 de setembro de 2025. Essa data surge em meio às manifestações da população da CIC, que, nas ruas, protagonizou atos e panfletagens, por último participando de um manifesto construído junto a mais de 20 organizações da cidade de Curitiba.
A luta organizada, principalmente envolvendo a classe trabalhadora local, pelo encerramento imediato do lixão só aumenta, o povo entende que segurar mais um ano esse lixão operando é inviável. O manifesto escrito e assinado por diversas forças da cidade mostra que a pauta tem crescido cada vez mais a nível municipal, devido ao absurdo de o tratamento de água da Sanepar ser feito a menos de 20 metros do lixão, tratamento que abastece diversos bairros de Curitiba e região metropolitana, chegando na casa de 720 mil pessoas. Mais uma demonstração de ação popular direta foi um processo movido pela associação de moradores Vila Esperança e Nova Conquista, que fica na região do Sabará, junto ao Tribunal de Contas do Paraná. O poder público não teve mais como fingir que o problema lixão da Essencis não existia. Pronunciamento dentro do processo abriu que a licença do lixão expira em setembro de 2025.
Toda essa movimentação demonstra que a pressão da luta popular gerou resultado, forçando a prefeitura a dar uma resposta para tentar acalmar as mobilizações. Porém, o movimento Fora Essencis só cresce e tem feito também um debate de qual seria a política de resíduos para Curitiba, sabendo que o fechamento do lixão precisa vir acompanhado por uma política de resíduos eficiente. Agora o prefeito Rafael Greca e seu vice, Eduardo Pimentel, estão sendo muito questionados por vender uma cidade modelo, uma cidade inteligente, que é acusada de não cumprir a lei nacional de resíduos sólidos constante na Constituição Federal, conforme julgamento que tramita no STF contra o lixão da Essencis.
A população se vê cansada de acordar todo dia e sentir o cheiro de lixo, ter o solo contaminado com chorume, de olhar pro céu e ter centenas de urubus na paisagem e mais absurdo de precisar tomar uma água tratada a poucos metros de lixo. Importante entender que essa é uma luta do povo das ocupações, da população de Curitiba, contra uma empresa que gere o lixo por aqui e leva todo seu lucro para a França. Não podemos mais aceitar as propagandas eleitorais pautando Curitiba como cidade perfeita, a demanda do Fora Essencis é resultado da negligência desmedida das prefeituras que estiveram no poder em Curitiba. A CIC e a cidade de Curitiba querem poder respirar ar puro e se servir de uma água limpa.
Texto original: Opinião | Vamos falar do lixão da Essencis?
Manifesto Fora Essencis
24/04/2024
Nota de Repúdio
10/07/2024
@moradiassabara
Projeto em parceria entre a comunidade e a Universidade Positivo. Este documentário revela os problemas graves enfrentados pelos moradores e busca trazer visibilidade às suas lutas diárias.
Resumo
O presente estudo foi motivado pela preocupação e incômodo candente que a empresa Essencis Soluções Ambientais, especificamente, pela localização do Aterro Sanitário localizado na Cidade Industrial de Curitiba, tem provocado a toda a comunidade do entorno, que é densamente habitada e com presença de inúmeros equipamentos urbanos. O estudo foi feito no bojo do Projeto Cidadania & Território, criado pelo Instituto Democracia Popular – IDP, que encampa ações de assessoria técnica para organização comunitária junto a comunidades periféricas marcadas pela vulnerabilidade jurídica da posse em Curitiba e região.
O Instituto Democracia Popular é uma organização da sociedade civil que atua com assessoria jurídica popular e política urbana desde 2013. Ao longo desses dez anos de atuação, a reivindicação de diferentes comunidades indica a insustentabilidade da permanência do aterro na área tem sido uma constante em razão de seus impactos sociais, ambientais e paisagísticos que degradam a qualidade de vida dos moradores e trabalhadores da região.
Ante tal histórico, o presente estudo busca sistematizar o histórico de implantação e funcionamento do aterro, bem como os problemas que sua presença tem desencadeado na região. Essas informações são de especial importância considerando o momento em que vivemos da cidade de Curitiba e da região metropolitana, que inicia suas discussões em torno do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado - PDUI e tem em vista também uma nova licitação da destinação de resíduos sólidos por meio do Consórcio Intermunicipal para Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – Conresol.
Nesse momento de revisão e planejamento, é fundamental que se contemple um plano e indicativo terminativo para encerramento das atividades do Aterro, cuja continuidade de atividades desde 1997 não é condizente com as transformações urbanas e sociais da região.
Fim da vigência da licença de operação: